No Brasil, foi plantada pela primeira vez na Bahia no final do século XIX, sem maiores repercussões. Os japoneses também fizeram isso em SP aí por 1908 também sem maiores resultados práticos.
O avanço histórico mais comentado foi com um pastor evangélico norte-americano, Albert Lehenbauer, na região de Santa Rosa no Rio Grande do Sul. Ele viveu aí de 1915 a 37. Em 1923, numa viagem aos EUA, trouxe do Missouri sementes numa garrafa. Lá pelo início da década de 1930 começa na região de Santa Rosa um plantio maior de soja. Ela era a amarela comum e servia mais para alimentação de animal, principalmente suíno.

A saga da soja modificou Mato Grosso, influenciou a política, a economia, a cultura e o comportamento local
Continua assim na década seguinte. Lá por 1955-56 começa a ser usado o óleo de soja para substituir a gordura animal. Cresce o consumo e o plantio. Entre 1968-75 cresceu seis vezes a área plantada no Rio Grande do Sul. A produtividade aumentou também.
Aumenta bastante a produção de soja. Aquele foi o primeiro produto agrícola para exportação daquele estado. Os outros eram tropicais, como café, açúcar, cacau, que lá não produzia.
O Brasil começa a entrar no mercado internacional. Os EUA já não estavam sozinhos. Este país continuava a ser o maior produtor do mundo, mas não podia aumentar muito a área plantada com soja porque tiraria espaço de milho e trigo, produções importantes dali.
No sul do Brasil a produção continuava. Problemas começam a surgir. As terras eram caras e escassas, competição com a produção de trigo e problemas sociais locais fizeram com que os gaúchos voltassem os olhos para terras distantes e baratas. Com apoio do governo federal, mais créditos e programas especiais, como o Polonoroeste, começa a marcha para o Centro-Oeste, principalmente Mato Grosso.
Faltavam pesquisas adequadas. Veio a Embrapa com dinheiro do Japão e “descobrem” o cerrado. Novas cultivares, adubagem e explode a produção nesse ecossistema. Depois veio a Fundação Mato Grosso, que ajudou também nas pesquisas.
É muito comentado ainda que técnicos da área agrícola norte-americanos estiveram por aqui tentando descobrir plantas adequadas ao cerrado. Não se conhece o resultado concreto dessa tentativa. Os japoneses, não os norte-americanos, ajudaram nessa descoberta. Eles eram grandes compradores de soja para consumo e comércio e não queriam ficar presos somente aos norte-americanos.
Em resumo: gente do Sul, pessoas mais abertas a novas tecnologias, recursos e créditos, estradas, solo e chuva, pesquisas, apoio dos governos e explode a produção no estado aí pela década de 1980.
A saga da soja modificou Mato Grosso, influenciou a política, a economia, a cultura e o comportamento local.
Alfredo da Mota Menezes é analista político.