Dona Nair, poconeana que deixará saudades

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Por: Walney Rosa

 

Nair Maria de Arruda e Silva nasceu no dia 27 de fevereiro de 1942 na cidade de Poconé, filha de João Vieira de Arruda e Maximiana Helena de Arruda, há alguns anos perdeu seu esposo Julio Vicente que deixou muitas saudades, dessa união tiveram 10 filhos sendo 5 homens e 5 mulheres.

Mulher guerreira e determinada, antes mesmo de completar os estudos lecionava na Escola Estadual General Caetano de Albuquerque, onde trabalhou a maior parte de sua vida profissional. Como sempre trabalhou e estudou, para que pudesse completar os estudos e freqüentar a faculdade, deixava seus filhos sozinhos em casa a cuidado de sua segunda filha, pois a filha mais velha começava os estudos do ensino médio em Brasília, capital do país.

Nair completou seus estudos concluindo a Faculdade de Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso no Campus de Cuiabá.

Lecionou ainda nas escolas, Antonio João Ribeiro, Bacharel Ribeiro de Arruda e mesmo após a sua aposentadoria ainda lecionou na extinta Escola Felicidade Alves Rondon (FAR). É conhecida como professora Nair apesar de não mais lecionar.

Mulher muito religiosa, sempre esteve presente nas missas e participando ativamente de várias atividades paroquiais.

Dona Nair sempre acreditou ter uma família “maravilhosa”, composta por 12 filhos, sendo 2 de criação, 24 netos e bisnetos. Seus familiares se orgulham por tê-la como matriarca sendo ela grande exemplo de pessoa.

Carismática, elegante, cuidadosa, prestativa, humilde, trabalhadora, inteligente, batalhadora, esses foram alguns de seus adjetivos frente as suas inúmeras qualidades.

“Mãe protetora, avó dedicada, bisavó amorosa, nós como membros de sua família só temos que agradecer a Deus por ter nos dado a dádiva de tê-la presente em nossas vidas”, declaram seus filhos.

Nair e suas netas

Neste momento de dor, hora de dizer até logo, querem passar através destas palavras um pouco do seu amor e lhe agradecer por ser o grande exemplo de vida, por seu amor, por sua entrega e pela forma com que se dedicou em manter unida toda essa linda família; Vá com Deus! Até breve: te amamos muito.

 

Com carinho da Família e amigos…

 

DEVOÇÃO A SANTA RITA DE CÁSSIA

Nair ao lado da Neta durante novena de Santa Rita – 2014.

Dona Nair Maria de Arruda e Silva, volta aos braços do Pai, deve estar sendo recebida por Santa Rita, acolhida pela Santa de sua devoção.

Ela contava ao jornalista Walney Rosa, de quem era grande amiga, sobre sua fé e a interessante história de Santa Rita de Cássia e os devotos poconeanos. “Santa Rita dos impossíveis, Advogada nos casos desesperados, socorro na ultima hora, refugio nos momentos de dor”.

Nesse momento de despedida, é Santa Rita que será refugiou de seus filhos, netos e amigos.

O que vou recontar aconteceu na casa na Rua 13 de junho nº11 também no centro de Poconé de propriedade atualmente do senhor Sérgio França.

Até a metade do século passado a rua era chamada de rua de cima, onde próximo existia um curral e um córrego.

Dona Nair conta que seus pais nasceram, bem como sua família, na fazendo do Sararé, seu pai João Martins e sua mãe Maximiana Helena de Arruda. Senhor João era capataz da fazenda.

A família adquiriu uma casa na cidade devido seu João valorizar o estudo dos filhos tendo apoio de sua esposa. A casinha era de adobo coberto de sapé possuindo uma cerca de arame ao seu redor, e uma pequena porteira à sua frente.

A compra da casinha foi por volta da década de 50, a antiga proprietária se chamava Eulália, ali possuía uma santinha de bronze, reproduzida a imagem de santa Rita de Cássia, fazendo com que a humilde casinha fosse denominada casa de Santa Rita.

Um dos primeiros milagres denominado à Santa foi quando a jovem Maria, uma das filhas de Eulália, teve problemas no parto e com muita fé rogou à Santa Rita que a protegesse, nascendo uma menina saudável esta foi batizado com o nome da Santa e hoje reside na cidade do Rio de Janeiro.

A pedido de Eulália a Santa deveria continuar sendo venerada, com orações e velas.

Apesar de seu João adquirir a humilde residência os primeiros estudos de seus filhos foram ainda na fazenda do Vagua’gua, onde era situado o sitio dos avós de dona Nair por parte de seu pai. Dona Nair e seus irmãos passaram a estudar na escola rural ali mesmo no sítio. Por isso a imagem da santa foi levada para a fazenda do Vagua’gua porque a casa na cidade ficaria fechada por um tempo. Foi então que toda a família passou a ser devota da santa.

Atingindo aproximadamente 9 anos as crianças eram enviadas para a cidade para residir na casinha coberta de sapé tendo a avó materna protegendo-as. A família, incluído a mãe de seu João, Dona Afra Vieira (avó de Dona Nair), continuou com a santa na fazenda construindo um oratório para a imagem.

Já na cidade seu João adquiriu outra imagem e continuou com a devoção aumentando o numero de devotos, tanto na cidade quanto no campo.

Dona Nair contava que logo cedo ao amanhecer vizinhos e devotos já estavam em sua casa para rezar e agradecer as bênçãos recebidas. “Os testemunhos eram dos mais diversos possíveis; curas, de doenças eram as mais freqüentes”, declarava Nair.

Com o passar do tempo seu João construiu outra casa no local e no final da década de 80, inicio dos anos 90 após a sua morte, os herdeiros venderam o imóvel para a família França.

A imagem adquirida pelo seu João (segunda imagem) esta hoje na residência da professora Milena (Filha de Maria Helena), uma das sobrinhas de dona Nair. Segundo conta Nair, Milena também já foi contemplada com um milagre durante o parto de sua filha Isabela.

A terceira imagem que fica atualmente em um nicho (oratório) na frente da atual residência na Rua 13 de junho, hoje uma mansão, foi adquirida pelo Sr. Sérgio França.

A primeira imagem de bronze depois de ficar anos na fazenda Vagua’gua, que hoje é de propriedade de um primo de Nair, Senhor Dionísio, filho do falecido casal Benedito e Cassiana (irmã de João pai de Nair), anos atrás voltou para seu local de origem.

“Uma Santa que possuía um simples altar em uma humilde casa de sapé, depois passou a ter um nicho em uma casa de adobo e recentemente ganhou uma capela, são sinais que aqueles que são seus devotos, são testemunhos vivos de milagres, são realmente abençoados, e ajudam a construir a história de Santa Rita e suas bênçãos para aqueles que acreditam”, declarou dona Nair ao jornalista Walney Rosa.

Recentemente um devoto de Santa Rita teve uma revelação: “Seria colhido uma Rosa da roseira de Poconé”.