MÉTODO LAVAJATISTA

Silval Barbosa / Fórum de Cuiabá
O ex-governador Silval Barbosa era obrigado a ficar pelado antes de seus depoimentos junto à 7ª Vara Criminal de Cuiabá, durante o período em que esteve preso em setembro de 2015 e junho de 2017. A revelação é do criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que chegou a defender o ex-chefe do Palácio Paiaguás.
Em entrevista ao canal MyNews no Youtube, quando comentava a situação do senador e ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro (União), o advogado afirmou que Selma usava o mesmo modus operandi da Lava Jato.
“Em Mato Grosso tinha uma juíza que se falavam ‘Moro de saia. Ela foi cassada por corrupção em um ano. Ela fez exatamente o que o Moro fez. Eu sei, porque fui advogado de um governador do Estado e ela, antes de ouvi-lo, mandava ele para uma salinha e tirava a roupa dele para humilhá-lo, para quebrar a moral dele antes do depoimento, deixava ele nada”, afirmou Kakay na semana passada.
Ao ser questionado sobre qual base jurídica para que a então magistrada pudesse exigir isso, o advogado alegou que não existe nenhuma base para fazer isso com o ex-governador. “Quando você tem um sistema autoritário, é isso que acontece com o negro e o pobre na periferia, só que não sai na imprensa. Os invisíveis sociais, quando vão depor, são humilhados no dia a dia”, argumentou.
Kakay também comparou a situação de Silval com a de pobres e negros, que passam por isso sempre na justiça. “Ele representa uma elite que está sofrendo aquilo que os negros e pobres sofrem no dia a dia e que ninguém ouve falar”, completou.
Selma Arruda ganhou notoriedade ao determinar a prisão de grandes figurões da política mato-grossense, como o ex-deputado José Geraldo Riva e Silval Barbosa em 2015. Sua atuação fez com que ganhasse o apelido de ‘Moro de Saias’, já que atuou na mesma época do auge da Lava Jato.
Aproveitando a notoriedade, se aposentou em 2018 para disputar o Senado Federal. Foi eleita sob a onda bolsonarista. Porém, ela foi acusada de caixa 2, abuso de poder econômico e captação ilícita de recursos durante a campanha de 2018. Em abril de 2019, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) cassou o seu mandato por unanimidade. Já em dezembro do mesmo ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manteve a cassação por 6 a 1.
EX-GOVERNADOR NU
‘Ele vai pagar’, diz Selma ao garantir processo contra advogado


Juíza aposentada Selma Arruda apontou que irá processar o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeira Castro, conhecido como Kakay, após ser acusada de fazer com que o ex-governador Silval Barbosa ficasse nu antes de audiências da Operação Sodoma.
Kakay detalhou o suposto comportamento da juíza e disse que Selma utilizava a estratégia de deixar Silval nu para desestabilizá-lo. Fala do advogado foi feita durante podcast, mas só ganhou repercussão nesta segunda-feira (18).
À reportagem, Selma ter visto as falas com “estranheza” e questionou o motivo pelo qual Kakay, que era advogado do ex-governador à época, não ter levado a conhecimento da Justiça a conduta da então juíza.
“De qualquer forma, o que me deixa ainda com mais estranheza é por que não perguntaram para ele o porquê ele não fez nada na época. Sendo o advogado, o cara que vai de bermuda no STF, não é qualquer um”, disse.
“Ele não se preocupe, porque eu vou indagar ele judicialmente. Ele vai me pagar uma indenização à altura da ofensa que ele me fez e do constrangimento que ele está me fazendo passar”, acrescentou.
Questionada sobre o possível valor da ação, Selma apontou que o montante é definido pelo magistrado que julgar o caso. Juíza aposentada afirmou, contudo, que o ressarcimento será proporcional à repercussão do caso.
“Não vai ser pouco. Geralmente, nessas ações o juiz arbitra. Vai medir o tamanho da repercussão, o grau da ofensa e, principalmente, vai medir o grau de dolo que ele agiu. Então, isso é uma coisa que serve para posteriormente. Nem que eu não fique com nenhum centavo, mas ele vai pagar”, afirmou.