Laranjinha – a marca dos incêndios
Incêndios e seca devastam espécie

Nathália Ziolkowski (Foto: Iasmim Amiden)
A pesquisadora da Ecoa, Nathalia Eberhardt Ziolkowski, acompanha cotidianamente a situação de espécies vegetais utilizadas pelas mulheres no Pantanal para coleta e elaboração de produtos para consumo próprio e a venda. Esse trabalho é realizado através da Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e Pantanal.
Recentemente Nathalia fez um levantamento da situação da Laranjinha-de-Pacu (pouteria glomerata) em várias regiões, dada a sua importância para a produção de polpa e geleias, para a comercialização in natura, para a pesca como isca e a alimentação das crianças – estas a consomem naturalmente, sendo uma fonte de proteínas e vitaminas – e o encontrado, reflete os danos das queimadas de 2019 e 2020 e a grande seca pela qual passa toda a bacia do rio Paraguai. A seguir a situação encontrada em 4 regiões:

Pé de laranjinha-de-pacu. Foto: Alcides Faria.
Barra do São Lourenço
Quase não tem, as que deram fruto foram comidas pela fauna local, como ratos do mato. Também identificam que os frutos estão com lagartas, o pouco disponível não serve para o trabalho culinário.
Porto da Manga – a montante do município de Corumbá (MS)
Espécimes consumidas pelo fogo, com produção ínfima em 2020 e 2021. Em 2020 conseguiram apenas 3 quilos de polpa do fruto. Para se ter uma ideia do problema a partir de 2020: na safra de 2019 a produção de polpa chegou a 90 quilos para venda, poderia ter sido mais.
Porto Esperança – a jusante de Corumbá (MS)
Produção fraca até o momento, principalmente pela seca. Frutos, quando nascem, já “bichados”.
Area de Proteção Ambiental Baía Negra – município de Ladário (MS)
Produção muito pequena até o momento. Esperam conseguir pelo menos 7 quilos. As árvores foram duramente afetadas pelas queimadas e, com a seca os poucos espécimes que restaram produzem pouco.
No relato das mulheres também observaram que animais como o “ratão” passaram a se alimentar dos frutos de maneira comum.
Foto de capa: laranjinha-de-pacu na APA Baía Negra. Por Dona Júlia.