Maiores preocupações despertavam os aviões desconhecidos, que rodavam procurando reconhecer a pista e eventuais viajantes a pé, seria alguém perdido ou com condução quebrada ou atolada, buscando ajuda ou um forasteiro desconhecido?
Esses eram avaliados minunciosamente, por palavras e atos para se verificar se era da parte de Deus, seria talvez um anjo ou próprio Senhor buscando ajuda ou alguém visando o prejuízo para aquelas vidas?
Mesmo os andarilhos eram figuras do Bem, reconhecidos por ostentarem vastas e variadas cabeleiras, vinham normalmente em busca de fósforos e fumo, fornecidos de bom grado, bem como enchiam-se vasilhas com a comida disponível, fornecia-se eventual pareio de roupas ou casaco de frio, se fosse o caso.
Na beira do Rio Paraguai todos se conhecem, bem como as respectivas chalanas, uma condução desconhecida é avaliada sendo parte importante a forma de saudar ou pedir informações…
Há um rígido protocolo, sempre começando com um “Ô de casa?”, respondido com um amigável “- Vamos apear ou vamos chegar!”, conforme a condução.
Identificado o viajante cansado ou necessitado de algum tipo de ajuda, abrem-se as portas da solidariedade pantaneira e compartilha-se o que se tem disponível, visando o bem estar do recém-chegado.
Esta semana os pantaneiros da planície, ainda assustados com os últimos acontecimentos e denúncias, receberam duas notícias que ainda estão sendo avaliadas se virão para o Bem do Pantanal.
Pantaneiro, como dizia o precavido Bugre do Chané, está como as anhumas, voando e gritando ao ouvir as notícias de sentença do STF sobre Identidade Ecológica e um Banco Internacional financiando milhões de dólares para o Pantanal:
O que vem lá? Quem vem lá?”
Será algo para nosso Bem? Será que finalmente a planície será contemplada após décadas de sacrifício?
Confiamos que o Bioma dos Biomas seja usado para compensar áreas degradadas em toda a bacia platina pelo valor por hectare da área de origem do dano ambiental, não um hectare de milhares de reais por um desvalorizado hectare, expropriado na mão grande por “sabidos” e poderosos investidores, de algum sofrido proprietário no Pantanal.
Um hectare conservado no Pantanal, deveria, do ponto de vista da Identidade ambiental e da sustentabilidade, valer mais do que qualquer hectare degradado nos planaltos, equivalência ecológica que a Ciência definiu, especificamente, no Documento 159/2018 do CPAP Embrapa Pantanal.
E que novas estradas, limpeza e melhoria de nossas pastagens degradadas, as escolas, os postos de saúde e o direito cidadão ao voto também estejam nessas novas soluções anunciadas para a planície pantaneira.
“O que vem lá? O que vem lá? Quem vem lá? Quem vem lá?”
Oremos, juntos, para que todo o mal se afaste do Pantanal…